Cautela
Na maciez de minha carne
Não reconheço o tempo
Que está envolto na névoa
A cobrir fachadas
Na quietude da capela
Os portões sagrados
Estão fechados
Não consigo me abrigar
Da chuva torrencial
Que insiste em me molhar
Uma fumaça espessa
Cobre as ruas
Onde não posso ir
Lá você não está
Meus sentidos aguçados
Vão mudar de opinião
É incompreensível viver aqui
Se você não está para me abraçar
Meu medo tem cor
Minha raiva tem nome
Minhas mãos não alcançam a linha
Que me separa de você
Ao longe se desenha uma rua sem fim
E se eu imortalizasse o sangue antigo
Talvez cantasse alegria
E encontrasse cautela
Para lhe amar inteira.
FOTO LEXINGTON AVENUE, NEW YORK - JOÃO PEDRO GONÇALVES SITE OLHARES.COM
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